quarta-feira, 3 de agosto de 2022

coragem assusta

na semana passada, eu viajei pra trabalhar presencialmente, pela primeira vez desde... março de 2020. como eu mudei de emprego recentemente, não foi aquela experiência de reencontrar velhos amigos, e sim a de conhecer gente nova — que, não sei pra vocês, mas pra mim é bastante assustadora. principalmente depois de tanto tempo sem realmente conhecer gente nova pessoalmente.

em geral, as pessoas sabem que eu não estou no momento mais harmonioso da minha vida. eu deixo isso claro, porque é mais fácil usar justificativas verdadeiras do que ficar inventando motivos pelos quais eu estou introspectiva, ou cansada, ou querendo ficar numa sala sozinha durante 5 dias inteiros. dito isso, mesmo conhecendo meu time há só um mês e meio (!!!), foi uma experiência muito doida. doida de um jeito bom, pra variar.

o escritório da empresa é em são paulo, então todo mundo de fora viajou pra lá, eu inclusa. fiquei na casa da minha amiga luisa, que é uma das pessoas mais gentis do mundo e literalmente me tratou como uma filha enquanto eu estava na casa dela, com os bônus de me cobrir antes de dormir e me dar tchau no primeiro dia de trabalho, hahaha. te amo, amiga. também pude ver minha amiga depois de um período bastante conturbado na minha vida, o que é sempre bom.

o trabalho em si foi uma loucura — o escritório é enorme. não tô brincando, enorme MESMO. eu e o meu time nos perdemos no primeiro dia tentando encontrar uma sala (sim), porque todos os andares são parecidos. juro pra vocês, dá pra fazer uma caça ao tesouro tranquilamente naquele prédio. tudo lá é muito bonito, e foi muito louco estar num  ambiente de trabalho de novo (não sei como é pra vocês, mas aqui meu “ambiente de trabalho” é meu quarto, mesmo), com pessoas em volta, sem a minha cama ali do lado e sem poder tomar um banho no meio do expediente. ao mesmo tempo em que é muito bom separar os ambientes, é cansativo entrar de cabeça nisso depois de tanto tempo trabalhando do conforto da minha casa, às vezes (muitas vezes) me dando ao luxo de ficar de pijama durante boa parte do dia. e, mesmo sento um bocado cansativo, nada se compara a poder ver as pessoas com quem você trabalha ao seu lado, juntar as cadeiras e ter discussões sobre qualquer assunto, a qualquer hora. as piadas são diferentes, a interação é diferente. a gente se lembra de que nada se compara a ver alguém pessoalmente.

eu saí dessa semana destruída, não nego — já tava funcionando na reserva de energia, e agora eu tô em modo recuperação, ligada na tomada pra funcionar, que nem notebook com a bateria viciada. conhecer meu time pessoalmente foi bom, mas ainda assim, são pessoas que eu conhecia há menos de dois meses antes de encontrar pessoalmente, o que torna tudo... informação demais. ainda não tem uma intimidade que torne tudo mais fácil. não quer dizer que eu não tenha adorado todos eles, só que eu provavelmente precisei de mais energia nessa primeira vez do que vou precisar das próximas vezes.

na sexta, a sensação era a de só querer ir embora pra casa, ao mesmo tempo em que era meio inacreditável que eu não iria encontrar todo mundo outra vez na segunda. ainda tô aqui pensando no que meus times acharam de mim, e esperando que não tenham se deixado levar pelo fato de que eu sou uma senhora cansada e não saí com eles todos os dias. eu precisei de muita coragem nessa viagem: coragem pra ir, coragem pra conhecer todo mundo, coragem pra me impor, coragem pra admitir que estava cansada, coragem pra me abrir. coragem cansa, e coragem assusta; a gente precisa de coragem até pra ter coragem, porque tem vezes que se arriscar parece loucura. eu fico feliz em ter passado por isso, e espero que, com o passar do tempo,eu tenha amigos no meu emprego atual que sejam tão queridos quanto os que eu fiz no meu emprego anterior.

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