e aí, tudo bem?
hoje eu me peguei encarando o abismo que é a internet, e ela olhou de volta. tenho quarenta e oito abas abertas no meu navegador neste momento (acabei de contar), incluindo trabalho, aleatoriedades, listas, uma planilha de orçamentos e uma reunião na qual estou prestando aproximadamente 10% de atenção (ao vivo) — me atrevo a dizer que ninguém deveria ter tanto poder. ou tantas abas abertas ao mesmo tempo, pelo bem da memória do seu computador.
tenho me sentido cansada. não só cansada, mas sobrecarregada de algo que eu nem sei direito, porque parece que não sou capaz de fazer coisa alguma nos últimos tempos. meu trabalho se acumula diante de mim como uma montanha assustadora, ou como uma onda gigante, que agora que eu penso, é uma analogia muito melhor; ondas crescem muito mais visivelmente que montanhas, apesar de eu não acreditar que montanhas não crescem. será que montanhas crescem?
queria conseguir dar cabo de todos os projetos mirabolantes que vivem na minha cabeça. queria mandar um e-mail pra pessoas legais que acho no listography e arriscar uma amizade além de eu-vi-sua-lista-e-você-viu-a-minha. queria ser alguém que não deixa a ansiedade tomar conta de si e fica atrasada com coisas do trabalho. queria conseguir ler muitos livros, queria estudar, queria tanta coisa, tanta coisa, que parece que só o querer já é assustadoramente maior do que deveria ser.
sei lá (, diz ela, uma das expressões que mais sai de sua boca desde que consegue se lembrar), tenho pensado, pensado e não chegado a lugar nenhum; pensado em tudo o que posso fazer pra alcançar pelo menos um pouco de todo esse querer. e, por um lado, parece fácil demais: faz. é só fazer. por que ela não faz? será que ela não sabe fazer?
mas essa é uma ideia falsa de que existe equilíbrio entre querer e poder. existe muita coisa na balança, e até fora dela, quando falamos de Simplesmente Agir; a vontade, a persistência, a consistência, o tempo, a disposição, a saúde, o dinheiro... tenho tido embates éticos e morais comigo mesma, me perguntando até onde a falta de capacidade de agir vem de agentes externos, e até onde é minha própria incapacidade de só tirar o pé do chão e dar um passo adiante.
de toda forma, sigo tentando ser gentil comigo mesma, na eterna tentativa de ser quem eu quero ser através do amor, e não da dor. mas às vezes a dor é inevitável, né? assim como a dor de ter que examinar todas essas abas abertas no meu navegador e decidir quais eu vou fechar.
tem uns anos que tenho sentido o mesmo... eu quero fazer tantas coisas, que eu me sinto assustada e acabo não fazendo nada pq não consigo decidir por onde começar ou COMO começar e minhas listas de filmes, livros, séries, animes para ver/ler acabam sempre aumentando... parece que nem no meu "tempo livre" eu consigo descansar.
ResponderExcluiracho que nossa geração esta sendo extremamente bombardeada com um fluxo enorme de informações e td mundo espera que o ritmo das pessoas seja o mesmo sempre. tipo aqueles coach que vivem cuspindo aquela balela de "todo mundo tem as mesmas 24h".
Tá, mas assim: tu é uma pessoa curiosa. Então, naturalmente, uma coisa pode levar a outra ao ponto de teres quarenta abas abertas. Porém, ser apenas curiosa é uma coisa, ser curiosa e tantos outros adjetivos acaba, de fato, sobrecarregando o sistema. Mas ter curiosidade e vontades (que podem se tornar planos para o futuro) são características excelentes e saudáveis! Mesmo que não se consiga fazer tudo, assim como não conseguimos estar (fisicamente) em dois lugares distantes ao mesmo tempo.
ResponderExcluira gente se vê tão cercada de querer e querer e algum impeditivo. ter tempo e não ter dinheiro, ter dinheiro e não ter tempo, ter tempo e dinheiro, mas faltar disposição e estar cansada, e etc, etc, etc. sinto que vai ter sempre algo e o único modo de romper qualquer ciclo de não conseguir seria uma grande vontade seguida de um agir persistente. não sei, talvez resiliência seja a grande chave. por que ela nos foge??
ResponderExcluirnessa tentativa de ser gentil consigo, não se esqueça de respeitar seu ritmo e seguir com a leveza possível. chegaremos lá <3
as vezes a gente entra nesse redemoinho de pensamentos, quereres, ansias, coisas que podemos dar um milhão de nomes. que vontade de sair gritando igual maluca na rua, né não?
ResponderExcluirsou do time das mil e uma abas, das perguntas que precisam ser respondidas assim que aparecem na minha cabeça, e também das pessoas que sabem que é só fazer, mas o peso da existência se faz presente a todo segundo, impedindo o corpo de agir. desejo boa sorte para lidar com esses desafios diários do querer. beijinhos.
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