faz tempo que eu quero vir aqui, pois sinto saudades; e mais do que saudades, a necessidade de conversar com gente que me escute. e me entenda. sabe como é difícil, hoje, falar com alguém que não te dê sugestões, soluções, conselhos a cada momento? pior que eu nem culpo algumas pessoas — é tão automático sugerir uma resposta pras angústias alheias que, se a gente se distrai por um instante, logo tá lá: opinando. resolvendo (ou complicando) a vida alheia.
tô pra vir aqui desde novembro (novembro!!!), pra contar das minhas férias; como fui a são paulo, me vacinei, quase encontrei a lê, finalmente vi minha namorada depois de um milhão de anos e fiz uma tatuagem combinando com minha amiga lu. em como encontrei gente querida e respirei ar fresco e me permiti, por um pouquinho, viver muita coisa que não vivi nos anos de pandemia: ir ao teatro, ir ao cinema, passear, comer na rua. pelo amor de deus, comer na rua. que falta que fazem as coisas cotidianas.
tô pra vir dizer que entrei e saí de períodos ansiosos, depressivos, que comprei um caderno que é o diário perfeito em são paulo (tem aquelas folhas que são porosas o suficiente e mais grossinhas, sabe?); comecei a ver a novela das oito, que sempre chamo de novela das nove, e passo raiva quase que diariamente só pra poder acompanhar algumas personagens que amo (dona noca e rebeca, o mundo é de vocês!) e esperar que outras sumam, pra parar de atazanar todo mundo (conheça a história de bárbara: a mulher que não sabia ler). terminei de assistir uma temporada de malhação e comecei a assistir outra, fiz minha mãe assistir dramas, arrumei e desarrumei meu quarto; passei um ano novo maravilhoso, cozinhando e ouvindo música — uma mixtape que minha namorada fez só pra mim!! — e assistindo novela.
tô pra vir dar um abraço em vocês. ando me sentindo meio longe de mim mesma, não sei se vocês sabem a sensação — uma moleza no corpo que tem a ver com esse calorão maluco, mas também tem a ver com a falta de propósito, ou mais ou menos isso. sinto falta de falar, mas sinto mais falta ainda de ouvir, eu acho; sinto falta de ter conversas existenciais que não fazem sentido. sinto falta de me sentir encaixada no meu próprio corpo, na minha cabeça, no que eu entendo como eu, e sair dessa experiência extracorpórea que já dura tempo demais.
ando obcecada por five nights at freddy’s. não faço a menor ideia do porquê, já que tenho pavor de jogos de terror, mas tenho que admitir que toda a história que cerca o jogo é fascinante.
talvez eu só tenha que vir aqui e dizer as coisas de uma vez, sem deixar tudo pra um futuro que acaba virando futuro do pretérito, né?