sábado, 23 de julho de 2022

bate-bola, jogo rápido

(ou: viajei sem meu diário e tenho pensamentos demais pra cabeça de menos) 

  • sair em dias de sol, bonitos, ver o céu e estar em boa companhia fazem maravilhas pelo coração
  • chequei meu pulso o dia todo. ser uma pessoa ansiosa tem dessas. ando inquieta por vários motivos, mas bem que meu corpo poderia me dar uma folga
  • eventos culturais são divertidíssimos e conhecer coisas novas é ótimo
  • às vezes eu me pergunto se eu sou atenta a como os outros se sentem, ou se sou só chata. é difícil se desligar da ideia de que eu demando muita atenção e cuidado, o que acaba fazendo com que eu diminua minha presença e minhas necessidades até virar uma bolotinha mal-resolvida
  • será que eu devia só largar tudo pra lá e me mudar independente do que for acontecer?
  • mas e se???
  • sinto falta de segurar sua mão e de andar por aí com você. sinto falta de estar perto e poder encostar em você a qualquer hora. nos últimos dias, tenho pensado em como queria ter aproveitado mais a viagem pra te ver em março. me pego percebendo que sua presença me acalma e o quanto eu sinto falta disso em um momento conturbado como esse — logo depois, me sinto egoísta por pensar assim. queria conseguir agir mais e pensar menos, me resolver de uma vez... mas não consigo, não por enquanto. desculpa o meu jeito errático
  • quando é que a gente se sente o suficiente? esse momento chega, ou é só uma mentira que contam por aí?
  • se tudo é importante, nada é importante. só dá pra priorizar uma coisa entendendo que a outra não merecia tanto assim o mesmo espaço (isso vale pro trabalho, pro emocional, pra vida)
  • redes sociais são horríveis e eu tô quase abdicando do instagram, meu último canto depois que excluí meu twitter. acho que eu sentiria falta dos reels, vídeos engraçados o tempo todo, trocar momentos com quem eu amo, mas não sei o quanto consumir o tipo de coisa que o instagram me oferece me faz bem. no fim, é só uma rede que quer que eu fique online o máximo de tempo possível e que vende meus dados por aí
  • medo medo medo de tudo o tempo todo medo do futuro medo do passado medo do agora medo de decisões medo de atitudes medo da falta de decisões e da falta de atitudes medo de nada dar certo medo medo medo
  • queria não estar tão apavorada com a perspectiva de estar regredindo com a ansiedade
  • que triste é perceber que a gente vem de um lar quebrado e tá num núcleo quebrado que só vai te segurar enquanto você estiver ali
  • se eu fechar os olhos e for sincera comigo mesma, eu sei o que eu quero. o que você quer?

quinta-feira, 21 de julho de 2022

todo dia ela faz tudo sempre igual

...fica ansiosa às seis horas da manhã

ultimamente, por mais que eu queira ter coisas maneiras pra falar, tenho ficado maluca de ansiedade no dia-a-dia. os motivos da ansiedade variam: não sentir que tenho tempo ou organização o suficiente pra fazer tudo o que preciso fazer no trabalho, me sentir colocada contra a parede por alguém no trabalho, sentir que não tenho tido agência sobre as minhas próprias escolhas... por mais que eu esteja vindo de um histórico em que minhas atitudes em relação à ansiedade foram positivas, acho que cheguei num ponto em que simplesmente não sei o que fazer. a vontade é deitar no chão e esperar a vida passar.

eu tenho me sentido uma vitrola quebrada, reclamando sobre as mesmas coisas, como se eu estivesse naquele episódio de o laboratório de dexter em que ele só consegue dizer "omelette du fromage". eu sei que é um assunto surrado, mas é terrível não se sentir "no direito" — e digo isso com todas as aspas possíveis — de desabafar sobre estar se sentindo mal, já que frequentemente são os mesmos assuntos que me deixam assim. no fim, essa ausência do desabafo se torna uma falta de confiança na minha capacidade de fazer as coisas: será que eu sou mesmo o que esperam de mim? eu devia saber fazer isso aqui? será que estou agindo da melhor maneira comigo e com os outros?

faz um tempo desde que minha vida começou a passar por um monte de mudanças, e geralmente é aí que minha ansiedade apita mais alto — quando acontece algo que sai do que foi planejado, mesmo que eu não planeje tanto assim a minha vida. sempre que alguma situação me tira do que eu enxergo como familiar ou rotineiro; tudo o que é fora do que é confortável. ultimamente, tenho reparado, é preciso um pouco mais que isso: quando situações (no plural) assim se combinam eu me sinto presa numa rua sem saída, e é aí que a ansiedade me pega em toda a sua glória. esses dias, amanda me disse que uma das palavras que eu mais tenho usado é "exaustivo"; eu acabei percebendo que "cansaço" e suas derivadas também fazem parte desse pacote. esse cansaço vem do acúmulo, uma situação em cima da outra, algumas que dependem de ações minhas, outras que estão ali puramente pra me cutucar com um pedaço de pau enquanto eu não posso fazer nada sobre elas.

um dos meus questionamentos recentes tem sido o que motiva minhas decisões — eu sinto que não tenho decidido nada porque eu quero, e sim porque existe uma pressão externa de que minha decisão vai afetar alguém de forma negativa. quando eu penso em me mudar, por exemplo, ao invés de os prós e contras serem a respeito da minha capacidade de morar sozinha, eles são sobre como a minha saída iria afetar a dinâmica da minha família. e, como deu pra imaginar, são só contras. um combo de ansiedade e chantagem emocional, programados no código-fonte da minha mente.

nesses momentos de angústia, eu me pergunto se as decisões da vida adulta vêm mesmo banhadas em culpa, ou se é um caso aqui e outro ali. tenho me sentido exausta, sim, mas de me sentir culpada, chantageada, sozinha, colocada contra a parede. assombrada pelas decisões que eu tomo e pelas que eu não tomo. a gente quer tentar começar do zero, mas nunca dá pra começar exatamente do zero, né? sempre existe algo que veio antes, porque não dá pra apagar tudo o que levou a gente a ser quem a gente é. queria pegar mais leve comigo mesma e com as outras pessoas, mas sinto que finalmente passei a encarar uma parte de mim que eu não conheço tão bem assim, e que eu nem sei começar a definir, pelo menos não por enquanto.

fico desejando um abraço e um colo pra chorar, mas me resigno a encarar o espelho até reconhecer quem eu vejo nele.

torcendo pra que o consolo venha justamente dali.

segunda-feira, 4 de julho de 2022

pensando pensamentos mais uma vez

acho que faz um bocado de tempo que eu não falo diretamente sobre alguma coisa aqui, né? não sobre algo não-misterioso-e-potencialmente-causador-de-felicidade. eu sei. é só que, às vezes, eu preciso escrever um pouco mais pra mim do que pros outros.

mas, bom, eu ainda estou aqui, também — a instância que também gosta de falar de bobeira e de coisas felizes. é engraçado falar desse jeito, porque parece que são duas pessoas: eu e meu alter-ego, o feliz e o triste. não é assim, claro. insira aqui toda aquela conversa sobre a vida não ser isso ou aquilo, nem preto no branco.

eu sinto falta de escrever de uma maneira mais estruturada, às vezes. tudo bem que esse é meu lugar pra pensar pensamentos, mas também é importante fazer sentido. e, pra estruturar o que a gente escreve, às vezes é bom escrever sobre coisas que já fazem sentido dentro da nossa cabeça, também.

é difícil ser doida, gente. não subestimem o quanto de energia que ser doida requer das pessoas.

enfim! como vão vocês, afinal? eu tenho percebido que a blogosfera, como sempre, está mais nos baixos do que nos altos. sinto falta de ler todo mundo, mas sei como é; a vida não tá dando muita folga. ainda mais com essa queda de temperatura, que já me fez ter duas (não uma, DUAS) crises de sinusite, em que parece que minha cabeça é um balão prestes a estourar. dica pra quem sofre com sinusite: tylenol sinus pode ser seu melhor amigo. com certeza é o meu.

eu não diria que estou bem, mas também não diria que estou mal. talvez um pouco mais mal do que bem, mas, bom, é discutível. estou relendo uma tirinha que está no ar desde 2010 e é postada todos os dias, então isso tem me deixado ocupada e talvez levemente obcecada (são MUITAS tirinhas). estou me adaptando ao meu novo trabalho... tem isso, aliás. eu cheguei a contar pra vocês que troquei de emprego? acho que não. mas eu troquei de emprego!! e, surpreendentemente, foi pro emprego que eu citei na minha primeira entrevista de emprego, lá em 2019, como a resposta pra clássica pergunta “onde você se vê em 5 anos”. e nem se passaram 5 anos ainda!!! pequenas vitórias. pequenas grandes vitórias.

também fiz uma viagem a são paulo, encontrei pessoas, desabafei horrores, comi coisas diferentes e pude abraçar pessoas que eu gosto. eu sinto que estou sempre falando que viajei pra lá e pra cá aqui, mas nunca falando das viagens — talvez eu só prefira viver as coisas e não ter que pensar nelas de forma descritiva depois. essa pode, inclusive, ser uma das razões pelas quais eu nunca me importo em tirar fotos de momentos divertidos com quem eu gosto.

ah, outra coisa: assim como há um tempo eu assisti todos os filmes da série pânico, agora eu decidi assistir todos os filmes de jurassic park. sim, eu sei que sou maluca. isso não tinha ficado decidido ali no quarto parágrafo? de toda forma, queria deixar claro que o primeiro filme é incrívelmente... parado, pra um filme de ação. eu tenho a impressão de que o segundo e o terceiro filme da franquia são mais emocionantes, mas veremos. talvez venha aí um post só falando sobre como foi reassistir jurassic park, porque, meu deus, algumas pessoas nesse filme são muito burras.

e é isso! saudades de falar com vocês. estou voltando a escrever cartas (é um hobby que precisa de muita e pouca energia, ao mesmo tempo, então eu estou constantemente parando e voltando. é complicado), então podem me enviar endereços em arantxa.carolina (arroba) gmail.com, caso queiram se comunicar de uma forma muito lenta, porém bastante divertida. e vai ficar tudo bem, eu acho. sempre fica tudo bem, no fim.

beijocas!

sábado, 2 de julho de 2022

é impossível vencer

esses dias, saí com uma amiga pra conversar sobre a vida. um monte de coisas acontecendo com nós duas, mas nem tanta vontade assim de entrar em detalhes, então fomos tomar um cafezinho e desafiar as estatísticas da vida adulta, em que as pessoas nunca se encontram fora do circuito trabalho-casa-casa-trabalho. ela me perguntou como foi minha viagem a são paulo, eu perguntei como estavam as coisas no trabalho e na vida dela, e ela se lembrou que eu tinha comprado um computador — o meu antigo, coitado, demorava meia hora só pra começar a funcionar depois que eu apertava o botão de ligar.

“e seu computador novo, chegou?” eu disse que sim, e que ele era bom, bem parecido com o que eu usava no meu emprego anterior: bastante memória, um processador rápido, resolução boa... mas, no fim, eu só queria um computador pras minhas coisas pessoais, assim eu não precisaria misturar vida pessoal e trabalho. “mas você usa ele pra quê?” ah, assistir minhas séries, jogar um joguinho aqui, outro ali, poder mexer no whatsapp e telegram sem precisar do celular por perto... entre outras coisas, claro. foi aí que ela ficou indignada: “não acredito que você comprou um computador bom só pra assistir série. comprasse logo uma TV, né!”

fiquei pensando nisso na hora, e esse questionamento não saiu da minha cabeça. eu respondi que não tenho tanta vontade assim de ter uma TV — um computador me atende bem melhor, e eu consigo fazer tudo o que quero, bem como possíveis freelas.

a questão não é precisar de uma TV ou de um computador. a questão é: por que o que eu quero não pode ser mais importante do que o que os outros acham que eu devia querer?

de certa forma, eu tenho certeza que esse assunto é bem dois-mil-e-oito-esco; existe um certo nível de drama em falar sobre coisas com as quais ninguém se importa muito, porque ninguém deveria se importar. mas me incomoda que eu tenha que justificar minhas escolhas o tempo todo. dizer que prefiro computadores porque quero jogar, e não dá pra jogar em uma TV a menos que você tenha um videogame. dizer que um computador me atende melhor, porque eu também preciso fazer coisas relacionadas à internet que não têm a ver com o meu trabalho, e mexer no celular o tempo todo me dá um irc. explicar que digitar em um teclado físico é muito melhor do que o teclado do celular, restrito aos meus dedões.

mas nunca deixo de me admirar, da pior forma possível, com como as pessoas não acreditam que minhas decisões a respeito das minhas necessidades são as melhores pra mim. é uma coisa tão pequena e, mesmo assim, tão espinhosa.

às vezes parece que é impossível vencer.

© arantchans • template por Maira Gall, modificado por mim.