segunda-feira, 27 de março de 2023

canção pra não voltar

tô no meio de um festival e, mesmo assim, desesperada por escrever. hoje, no ônibus vindo pra cá, fazendo exercícios de respiração e tentando suprimir a ansiedade, eu pensei: a vida acontece, a tristeza acontece e não tem a consideração de pensar se você vai lidar com isso em casa, ou num ônibus, olhando pela janela. eu vejo uma rua sem saída e penso como queria andar por uma alameda até sumir dentro da minha própria memória, como no fim de aftersun.

quem eu amo e amava já ama outro alguém. nos últimos dias, tenho repetido muito a frase "tô animada e apavorada, mais apavorada do que animada" — estou prestes a me mudar, e só sei pensar que eu não sei nada de nada do que é preciso pra viver a vida, que não tô pronta pra minha própria casa e, ironicamente, nunca estive mais precisada de uma mudança. no meio do show dos paralamas do sucesso, entre uma e outra música, pensei que as músicas sobre amar alguém precisam voltar a ser sobre mim. de novo. é irritante, mas também é a única maneira de fazer sentido nesse mundo em que o que me move é o amor. eu penso que não tô empolgada pra me tatuar, que tenho medo de me mudar, que preciso economizar dinheiro, que não faço a menor ideia do que fazer — no fim tudo se ajeita, mas até se ajeitar eu peno por um bom bocado. eu penso que sei lá como conhecer alguém pra amar sendo que eu só conheci as pessoas pela internet, e que como eu vou achar alguém que me ame de um jeito que eu goste?, e penso, imediatamente depois, que nem eu sei o que isso significa. eu penso que estou sempre buscando desesperadamente por afeto, mas quem não tá, né?

existem expectativas boas sobre tudo, é claro. todos os planos que eu vou fazer, todos os lugares aos quais eu vou, toda a paz que vou poder sentir, no meu próprio canto. tentar não colocar o peso do mundo sobre as minhas costas, visitar museus, parques, me cuidar, ouvir música sozinha e voltar a escrever cartas (com endereço novo!). estar perto de gente querida, e longe, também, mas sempre com um espaço pra receber; voltar a ter um lugar no mundo, a pertencer, construir um sentido pra palavra casa outra vez. como diria aurora: me leva pra casa, onde eu pertenço, que eu não tenho mais pra onde ir.

e finalmente, se tudo der certo, tô me levando exatamente pra lá.

segunda-feira, 6 de março de 2023

comédia dramática da vida: introdução

não sei se vocês são assim, mas eu sempre passo um tempo pensando em qual poderia ser o título engraçadinho do post que eu vou começar a escrever. às vezes consigo pensar em algo, às vezes não, e hoje estou me perguntando se eu preciso ser engraçadinha e intencional o tempo todo. acabei de responder pra mim mesma que cara, calma, é só um post no blog. cruzes.

eu fico feliz em pensar que estou feliz de novo. parece uma frase redundante e besta, mas não é — o estar feliz me deixa ainda mais feliz, e eu entro num ciclo de felicidade gostoso e que me faz bem. é bom dar valor aos dias bons, porque eu com certeza vou macetar (como dizem os jovens) minha cabeça de pensamentos pessimistas nos dias ruins. também é engraçado falar que estou feliz "de novo", apesar de, bom, estar feliz de novo. o ano passado foi uma grande pedra no meu sapato da qual eu infelizmente (ou felizmente?) acho que precisava, mesmo. não gosto de pensar que a gente precisa sofrer pra se tornar melhor, mas me permito acreditar que podemos nos tornar melhores depois de passar por maus bocados, e eu acho que me tornei. ou tenho tentado, pelo menos.

fazer aniversário é sempre uma grande questão, pra mim. esse ano, não apareceram muitas pessoas — o que me deixou meio triste —, mas quem apareceu me fez sentir especialmente amada — o que me deixou bem feliz. fiz um piquenique em são paulo e fofoquei com amigos que não conheciam uns aos outros enquanto enchíamos a pança de comidas gostosas. o dia estava ensolarado e lindo e, apesar da previsão do tempo, não choveu. o piquenique foi no fim de semana, porque meu aniversário mesmo era na segunda, e no dia 23 aconteceu algo pela primeira vez em um bocado de anos: eu não chorei! um dia conto pra vocês sobre o que eu chamo de a maldição do aniversário, que poderia muito ser uma história assustadora, mas é só uma superstição que eu inventei pra minha crendice particular.

finalmente encontrei a let, do caldo de marola, pessoalmente; depois, eu e ela encontramos a manie, do meus cafés. apesar de ficar completamente confusa quando encontro pessoas novas, eu sinto que poderia ficar um tempão conversando com as duas, principalmente se tivéssemos um sofá e, sei lá, um monte de pipoca. eu li o livro da manie, que comprei na minha livraria favorita de são paulo, e só confirmei o que eu já sabia: ela escreve como quem faz cafuné no cérebro da gente. é uma metáfora estranha, mas quer dizer exatamente o que parece.

tenho continuado minha estrada sem fim rumo à mudança que parece nunca acontecer na minha vida (mudança de casa, mesmo, nesse caso). estou num ponto em que não sei mais se minha mudança se atrasou por outros motivos ou por medo meu, mesmo, e não sei se quero me responder, não, mas coloquei um basta e desse semestre não passa! arre maria. espero ter vizinhos legais e achar um lugar que seja a minha cara e seja bem iluminado e não faça atacar minha rinite.

ainda não escrevi uma carta sequer, este ano. preciso escrever, mas estou meio travada nos meus projetos pessoais — é tanta coisa na minha cabeça sobre trabalho que parece que eu viro o chaves dando piripaque. (ai, vocês se lembram do manual prático de bons modos em livrarias? saudades de ler a hillé puonto sendo maluquinha e me identificar. lembrei dela porque sempre postava uma referência com um link pro youtube. where in the world is lilian dorea?) apesar disso, tenho feito algumas coisinhas aqui e ali, e alguma hora trago pra vocês verem. tenho pegado leve comigo, porque projetos pessoais devem ser divertidos, né? pelo menos eu penso assim.

toda vez que eu venho aqui digo que sinto saudades, né? talvez eu esteja me tornando o tipo mais desprezível de amizade, que é aquela que sempre diz estar com saudades mas não aproveita nenhuma das dezenas de oportunidades de entrar em contato — no meu caso, escrever um negocinho, entrar no blog das amigas e não sumir desse cantinho da internet. mas me ligar à parte de mim que escreve sem pensar muito em como estou soando é algo que acontece quando resolve que vai acontecer, e isso está além do meu controle. por isso, repito: estava, sim, com saudades. eu gosto muito de saber que tenho amizades que fiz por aqui; pensar "vanessa", "letícia", "nicole", "manie" e ter pessoas em mente, muitas vezes mais um jeito do que um rosto, uma maneira de escrever. estou reassistindo criminal minds, uma das minhas séries favoritas, e acabei de passar por um episódio em que a frase final é de um autor chamado thomas merton: "o amor é nosso verdadeiro destino. não encontramos o sentido da vida sozinhos — encontramos com o outro". lembrando das pessoas que conheci e às quais me apeguei através de palavras, concordo com essa frase; o episódio em questão é o primeiro encontro entre duas pessoas que só se conhecem através de ligações, palavras, pensamentos. enfim. sou só eu sendo brega.

estou ouvindo lorde - big star desde que comecei a escrever esse post, e chega a ser irônico pra alguém que não gostou do último álbum dela. nesse mês vou assistir wicked brasil, um sonho se realizando, e mal acredito nisso; vou pela primeira vez em todos os dias de um festival grande (todo mundo mentalizando: força, guerreira), com pessoas queridas, ver artistas dos quais gosto bastante. em breve vou começar um tratamento que vai me encher a paciência e sobre o qual ainda vou chorar um bocado aqui com vocês; esse mês, falei pela primeira vez com a minha ex-namorada depois de muito tempo e de uma mágoa que doeu. eu sinto que sou um projeto de série adolescente, um monte de dramas e fortes emoções esperando pra acontecer... bom, a vida é o que é. e eu tento fazer dela o melhor que eu posso.

usem filtro solar, bebam água, se cuidem. eu sei que demoro pra aparecer de vez em quando, mas juro que sinto saudades sempre, sempre. em breve falo mais coisas, mas por ora, fiquem com esses pensamentos sendo pensados e um abraço apertado. <3

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