sexta-feira, 30 de agosto de 2024

o grande perigo dos hiperlinks

e aí, tudo bem?

hoje eu me peguei encarando o abismo que é a internet, e ela olhou de volta. tenho quarenta e oito abas abertas no meu navegador neste momento (acabei de contar), incluindo trabalho, aleatoriedades, listas, uma planilha de orçamentos e uma reunião na qual estou prestando aproximadamente 10% de atenção (ao vivo) — me atrevo a dizer que ninguém deveria ter tanto poder. ou tantas abas abertas ao mesmo tempo, pelo bem da memória do seu computador.

tenho me sentido cansada. não só cansada, mas sobrecarregada de algo que eu nem sei direito, porque parece que não sou capaz de fazer coisa alguma nos últimos tempos. meu trabalho se acumula diante de mim como uma montanha assustadora, ou como uma onda gigante, que agora que eu penso, é uma analogia muito melhor; ondas crescem muito mais visivelmente que montanhas, apesar de eu não acreditar que montanhas não crescem. será que montanhas crescem?


e é aqui, queridos apreciadores de minhas palavras escritas, é que começa a exposição dos verdadeiros perigos dos hiperlinks. o fato de haver tantas abas abertas no meu navegador é consequência disso — eu me pergunto algo, clico em um link, e esse link me leva pra outro link, que me lembra outra coisa, que me faz abrir outra aba, e aí já degringolou tudo. eu sinto que minha necessidade de consumir conteúdo (e digo "conteúdo" da melhor forma possível, falando de informação e não de influenciadores em geral) é maior do que a minha capacidade — e meu tempo — para absorvê-lo. em resumo, eu quero demais, e consigo muito pouco, o que é um problema comum a muitas pessoas, acredito.

queria conseguir dar cabo de todos os projetos mirabolantes que vivem na minha cabeça. queria mandar um e-mail pra pessoas legais que acho no listography e arriscar uma amizade além de eu-vi-sua-lista-e-você-viu-a-minha. queria ser alguém que não deixa a ansiedade tomar conta de si e fica atrasada com coisas do trabalho. queria conseguir ler muitos livros, queria estudar, queria tanta coisa, tanta coisa, que parece que só o querer já é assustadoramente maior do que deveria ser.

sei lá (, diz ela, uma das expressões que mais sai de sua boca desde que consegue se lembrar), tenho pensado, pensado e não chegado a lugar nenhum; pensado em tudo o que posso fazer pra alcançar pelo menos um pouco de todo esse querer. e, por um lado, parece fácil demais: faz. é só fazer. por que ela não faz? será que ela não sabe fazer?

mas essa é uma ideia falsa de que existe equilíbrio entre querer e poder. existe muita coisa na balança, e até fora dela, quando falamos de Simplesmente Agir; a vontade, a persistência, a consistência, o tempo, a disposição, a saúde, o dinheiro... tenho tido embates éticos e morais comigo mesma, me perguntando até onde a falta de capacidade de agir vem de agentes externos, e até onde é minha própria incapacidade de só tirar o pé do chão e dar um passo adiante.

de toda forma, sigo tentando ser gentil comigo mesma, na eterna tentativa de ser quem eu quero ser através do amor, e não da dor. mas às vezes a dor é inevitável, né? assim como a dor de ter que examinar todas essas abas abertas no meu navegador e decidir quais eu vou fechar.

segunda-feira, 26 de agosto de 2024

anestesia geral é uma loucura

anteontem, no sábado, eu passei pela minha primeira cirurgia.

quer dizer, se você considerar cirurgia o procedimento de correção de grau LASIK, também conhecido como "cirurgia refrativa", eu já passei por uma cirurgia antes; essa, no entanto, foi daquelas em que você vai pro hospital, e tira toda a roupa, e coloca um vestidinho que deixa sua bunda toda à mostra, sabe? então, digamos que foi, sim, minha primeira cirurgia de verdade.

foi tranquilo, até; teve anestesia geral, o que eu não sabia se iria acontecer até o dia da cirurgia, e que foi muito divertido, porque eu sempre quis saber como é tomar anestesia geral. a única coisa da qual eu realmente me lembro é que resisti ao máximo enquanto piscava e o teto balançava, pra tentar perceber em qual momento eu iria apagar, mas, quando me dei conta, já estava acordando e pedindo por um copo d'água, pelo amor de deus, porque minha garganta estava doendo pra caramba. acontece que eu fui entubada durante o procedimento pra assegurar que eu estivesse respirando, e ser entubada arranha sua garganta inteirinha. um inferno.

a cirurgia não foi por nada grave — eu estava com um pólipo no endométrio, o que me fez sangrar loucamente durante dois meses, até eu mudar de ginecologista e ela dizer "bom, vamos tirar esse negócio fora, minha filha", e lá fomos nós. foi divertido, se você é alguém como eu e acha novas experiências divertidas, desde que tudo esteja sob certo controle. também foi engraçado acordar super desperta e pedir dois copos de água de coco e dois copos de água, até os enfermeiros dizerem peraí, queridona, você pode ficar nauseada e eu replicar com um olha, pelo amor de deus, minha garganta está DOENDO e finalmente me oferecerem uma pastilha. também foi muito divertido ser levada pelo corredor de maca, honestamente. várias coisas novas em um dia só.

agora eu estou de recuperação (meu atestado de repouso acaba hoje, e eu já trabalho no dia de amanhã), olhando pro meu computador do trabalho e pensando em todas as coisas que tenho que fazer. vocês já foram atingidos pelo pensamento de que é muito difícil trabalhar quando não se vê um propósito real no que você está fazendo naquele momento? eu às vezes fico com isso na cabeça. complicado.

enfim. bom começo de semana pra gente, eu acho. um brinde a não sangrar infinitamente mais!

(eu espero. por favor. CHEGA)

terça-feira, 13 de agosto de 2024

sim, sim, eu falo português

esses dias eu tava pensando em como sentia saudades de escrever no meu blog, de ler os blogs das minhas amigas... os dias andam caóticos, e parece que tudo faz falta porque eu não consigo fazer nada; não como direito, não durmo direito, não me expresso direito, nem trabalhar eu ando conseguindo ultimamente — eu me sinto como uma versão inacabada de mim mesma, porque eu sei que não sou assim. parece que eu sou, ao mesmo tempo, um refrigerante sem gás e uma coca na qual acabaram de jogar um pacote de mentos, pronta pra explodir.

hoje, na terapia, falando dessas coisas todas e de como eu não consigo estabelecer uma rotina porque parece que minha vida está desmoronando (ou será que é o contrário?), fiquei pensando em como eu acabo nunca escrevendo no meu diário porque aconteceu muita coisa desde a última vez que escrevi, ou como nunca venho pra cá escrever porque faz muito tempo e eu não deixo o layout do jeito que eu quero e blá, blá, blá. minha psicóloga disse que, às vezes, a gente tem que parar de pensar e só fazer, e eu resolvi acatar o conselho.

a vida não anda fácil — além de não conseguir focar, dormir ou comer direito, eu também estou sangrando ininterruptamente há dois meses. pois é. dois meses. imagine muito sangue, coágulos enormes e não conseguir sair de casa direito, a não ser que você come um remédio de oito em oito horas. um remédio caro. sério, não aguento mais deixar um quarto do meu salário na farmácia.

eu espero que as coisas melhorem em breve. preciso voltar a me exercitar, comer direito (esse eu já estou resolvendo), dormir no horário certo e agir como uma pessoa e não como um goblin maluco. eu sinto saudades de ser quem eu sei que sou, e não quem eu tenho sido. faz sentido? porque eu sinto que eu não tenho feito tanto sentido quanto gostaria.

© arantchans • template por Maira Gall, modificado por mim.