sábado, 2 de julho de 2022

é impossível vencer

esses dias, saí com uma amiga pra conversar sobre a vida. um monte de coisas acontecendo com nós duas, mas nem tanta vontade assim de entrar em detalhes, então fomos tomar um cafezinho e desafiar as estatísticas da vida adulta, em que as pessoas nunca se encontram fora do circuito trabalho-casa-casa-trabalho. ela me perguntou como foi minha viagem a são paulo, eu perguntei como estavam as coisas no trabalho e na vida dela, e ela se lembrou que eu tinha comprado um computador — o meu antigo, coitado, demorava meia hora só pra começar a funcionar depois que eu apertava o botão de ligar.

“e seu computador novo, chegou?” eu disse que sim, e que ele era bom, bem parecido com o que eu usava no meu emprego anterior: bastante memória, um processador rápido, resolução boa... mas, no fim, eu só queria um computador pras minhas coisas pessoais, assim eu não precisaria misturar vida pessoal e trabalho. “mas você usa ele pra quê?” ah, assistir minhas séries, jogar um joguinho aqui, outro ali, poder mexer no whatsapp e telegram sem precisar do celular por perto... entre outras coisas, claro. foi aí que ela ficou indignada: “não acredito que você comprou um computador bom só pra assistir série. comprasse logo uma TV, né!”

fiquei pensando nisso na hora, e esse questionamento não saiu da minha cabeça. eu respondi que não tenho tanta vontade assim de ter uma TV — um computador me atende bem melhor, e eu consigo fazer tudo o que quero, bem como possíveis freelas.

a questão não é precisar de uma TV ou de um computador. a questão é: por que o que eu quero não pode ser mais importante do que o que os outros acham que eu devia querer?

de certa forma, eu tenho certeza que esse assunto é bem dois-mil-e-oito-esco; existe um certo nível de drama em falar sobre coisas com as quais ninguém se importa muito, porque ninguém deveria se importar. mas me incomoda que eu tenha que justificar minhas escolhas o tempo todo. dizer que prefiro computadores porque quero jogar, e não dá pra jogar em uma TV a menos que você tenha um videogame. dizer que um computador me atende melhor, porque eu também preciso fazer coisas relacionadas à internet que não têm a ver com o meu trabalho, e mexer no celular o tempo todo me dá um irc. explicar que digitar em um teclado físico é muito melhor do que o teclado do celular, restrito aos meus dedões.

mas nunca deixo de me admirar, da pior forma possível, com como as pessoas não acreditam que minhas decisões a respeito das minhas necessidades são as melhores pra mim. é uma coisa tão pequena e, mesmo assim, tão espinhosa.

às vezes parece que é impossível vencer.

2 comentários

  1. Olha, eu acho que você fez a escolha certa!

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  2. impossível demais né? nessas horas eu fico pensando caceta eu não posso simplesmente fazer algo porque eu quero e pronto? deixa a gente fazer as coisas caceta HAHAHAHA eu ein

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