quarta-feira, 18 de agosto de 2021

às vezes, releituras são um erro

ultimamente eu tenho lido como forma de me anestesiar pro mundo — aquela coisa toda de viver uma outra história, se envolver com tramas fictícias, etc. etc. os primeiros livros que li foram livros que eu nunca tinha lido antes, mas aí me peguei querendo uma leitura confortável e decidi reler alguma coisa. o bendito escolhido foi um livro que do nada só apareceu na minha cabeça, mas que eu gostava muito quando era mais nova.

eu não sei se vocês já leram marian keyes.

não, deixa eu reformular: eu não sei se vocês já leram marian keyes, e, se sim, quando leram.

a verdade é que ela tem uma narração realmente envolvente, e isso é algo maravilhoso, porque eu sinto uma vontade enorme de não parar de ler. só que são livros antigos e um tanto quanto... difíceis. olha só, não vou dizer que sou a pessoa mais militante desse mundo, mas também não sou a pessoa menos militante. algumas coisas me incomodam mas eu consigo deixar passar, porque já segui a grande jornada das pessoas que se envolvem com feminismo na internet, que nada mais é do que dedicação fervorosa → revolta generalizada → depressão ao pensar que não dá pra mudar o mundo de uma hora pra outra → indiferença pra não ficar maluca. só que os livros da marian keyes às vezes têm uma quantidade tão grande de estereótipos que chega a ser meio irritante, e a vontade que dá é a de escrever um e-mail bem bravo dizendo mulher, pelo amor de deus, você não sente vergonha de ter escrito isso aqui não?

é claro que são livros datados, e de nada adianta a gente fingir que preconceito não existe ou não existia. o problema foi a minha invenção de reler justamente os livros que me dão raiva e descobrir que eu talvez tenha pegado birra de uma história que eu costumava gostar. como é que eu vou me distrair dos horrores do mundo lendo um livro em que a autora faz questão de apontar que uma personagem é gorda e que isso está diretamente ligado ao fato de que rela é incompetente, irritante, inconveniente e por aí vai? ah, vá. se alguém tiver alguma indicação de chick-lit com uma narração tão engraçada quando a da meg cabot ou da marian keyes, tirando os estereótipos e o preconceito descarado, estou aceitando.

outra coisa é que eu estava aqui hoje, tirando uma pausa no dia e me distraindo com pngs no pinterest (achei um link favoritado aqui no meu navegador, e é muito fácil me distrair na internet), e fiquei pensando: quando é que a vida deixou de ser simples? quando foi que salvar imagens no pinterest deixou de ser tão divertido, quando foi que coisinhas bestas deixaram de preencher o meu vazio existencial? talvez o vazio existencial só tenha surgido depois, e aí eu percebi que as coisas que eu fazia pra me distrair na internet não adiantavam mais. só sei que eu sinto falta de quando o pinterest era algo muito empolgante e que podia me prender por horas (talvez eu tente de novo. me aguarde, pinterest), o orkut ainda existia e eu podia jogar rpg por lá ou navegar de comunidade em comunidade (ai, que saudades). e quando eu ainda tinha meus dois blogs de moda preferidos existindo na internet. a vida podia não ser mais simples, mas pelo menos parecia.

e, além de tudo isso, eu não tenho gostado nada dos últimos singles da cantora lorde. não é que sejam ruins, é só que simplesmente não batem de jeito nenhum pra mim. como é que eu vou preencher o vazio existencial desse jeito? tá difícil, viu.

8 comentários

  1. Me sinto assim quando vejo um filme ou série antiga e as vezes me deparo com coisas preconceituosas, perde toda a magia :c. Não parei para reler meus livros ainda, mas lembro que o Teorema Katherine do John Green e quase todos da Rainbow Rowell me deixaram de coração quentinho na época que li.

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    1. né? geralmente eu consigo relevar, quando é pontual, mas quando a coisa fica sendo reforçada toda hora, nossa... eu chego a ficar bufando pro livro ou pra tevê. adoro a rainbow rowell também! apesar de que ela parte bastante nossos corações antes de deixá-los tranquilos, risos.

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  2. Só li Melancia, e a experiência foi tão ruim que nunca mais quis ler nada dela kkkk

    Os chick-lits da Sophie Kinsella são bem famosinhos, mas o único livro dela que li e gostei (li uns três, acho) foi Menina de Vinte.

    Também tenho a sensação de que as coisas eram mais simples antigamente. Acho que é porque o futuro (e todas as responsabilidades) pareciam longe.

    Tô começando a sentir o vazio existencial também :(((

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    1. melancia foi um dos que eu não reli, porque eu lembro que nem na primeira leitura eu gostei dele realmente KKK ai, que tristeza. queria muito ler algo no estilo narrativo dela mas que não tivesse os problemas que me deixam com ranço dos livros. :^( vou procurar esse da sophie kinsella!!

      vazio existencial, vá emboraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa *chora em posição fetal*

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  3. me senti atacada com esse título, mas é muito verdade!! acho que tudo bem se decepcionar com releituras, pois pode ser divertido perceber a cabeça que você tinha antes e a que tem agora. eu conheço a marian keys por conta da minha mãe que tem um bocado de livro dela, mas nunca li.

    achei graça da sua sequência da decadência de vontade militante, pois pra mim é assim também kk com várias coisas diferentes, mas nunca vai embora totalmente, né? a gente meio que adiciona essa característica interna, mas não se manifesta mais em voz alta. de vez em quando a realidade me dá um chute me deixando puta de novo, e o ciclo-sequência volta a acontecer D:

    ai, ai o vazio.

    beijo, xis.

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    1. eu jamais recriminaria releituras como um todo!!!! eu amo reler livros e reassistir filmes!!! mas algumas vezes isso só mostra pra gente que as obras não se encaixam mais tão bem e eu fico triste por me desapegar de coisas que gostava muito :') eu gosto de alguns livros da marian keyes, mas... complicado. épocas e visões de mundo totalmente diferentes.

      ai, a gente quer a noção da militância mas não o meio, né? é muito cansativo! sem contar que é cada discussão besta... mas a gente torce aí pro mundo melhorar e faz nossa partezinha KKKK

      beijo, nic. <3

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  4. Ai meu deus, deixa eu ressuscitar esse post antigo (nem é tão antigo assim, na verdade) pra desabafar sobre releituras (e Marian Keyes)!!

    No começo do ano, eu também estava lendo como um anestésico pra esse momento horrível que a gente está passando nesse país horrível com esse gov-- FOQUEMOS!! No meio do ano, eu tive uma crise literária (que dura até o momento, aliás), mas uma das coisas que me deu vontade de fazer esse ano foi reler, inclusive livros que eu nem tenho mais. E livros que tinha década que estava na minha lista (justamente um Marian Keyes).

    Conclusões a que cheguei nesse processo: reler é o caminho mais rápido para decepção. Na verdade, a expectativa é o caminho mais rápido; mas já que quando você relê, você ESPERA que seja tão bom quanto na época...

    Pois bem. Reli um da minha listinha e descobri porque nem nota dei nele na época. E era de um dos meus autores favoritos!! O da Marian Keyes, eu tentei ler Cheio de Charme e tudo nele é horrível: a fonte (minúscula e de formatos diferentes), a formatação (não tem nem margens direito!), o peso (é um calhamaço) e a história. Puta merda, sabe? Acho que eu não li quando comprei porque sabia que ia detestar, mas uma década depois, só ficou pior. Minha sorte é que eu abandono sem dó. Vai com Deus, não volte mais, pretendo NUNCA reler MK e ficar com Casório? e Férias! só na cabeça.

    Aliás, essa é a minha segunda conclusão: o passado é bom no passado. Tem coisas que ficam melhores na memória, etc.

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    1. nunca li cheio de charme (tá na minha lista de Zerar Livros Da Marian Keyes), e fonte/peso não me dá tanto problema porque eu leio e-books, mas nossa..... sabe..... as histórias têm umas coisas tão................... preconceituosas. e só estúpidas de graça, mesmo, às vezes. credo.

      algumas coisas são feitas só pra gente se lembrar, mesmo. e vamos de livros mais sensíveis e menos idiotas!!!!

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