(ou: pensando pensamentos em profusão)
é sábado à noite e eu fiz um bocado de coisas hoje — acordei, fui ao dentista, voltei pra casa, arrumei a sala, meu quarto, o quarto da minha mãe, lavei dois banheiros e estendi roupa. tudo isso com aquela cólica chata que faz a minha barriga e as coxas ficarem doendo, não demais pra me impossibilitar de viver, mas o suficiente pra me lembrar que a vida é um eterno sofrimento.
(desculpa o drama, eu tô de tpm)
eu ando me sentindo muito sozinha. há um tempo, eu me considerava alguém muito mais introspectiva, que preferia ficar sozinha, que se cansava quando ficava em contato com pessoas por muito tempo... no fim das contas, pouco antes de entrarmos nessa pandemia eu descobri que eu gosto de gente: gosto de ter companhia, gosto de ouvir histórias, gosto de fofocar. isso torna o fato de estar em casa sem poder sair e ver meus amigos muito mais difícil — eu, que antes mal podia esperar pra chegar em casa e ficar sozinha, agora sinto muita falta de poder conviver com alguém até ficar de saco cheio.
não que eu não sinta falta de ficar sozinha, também, porque estar em casa é estar com meus pais e meu irmão, e isso quer dizer que eu nunca estou realmente acompanhada mas nunca estou realmente sozinha, também. eu me pego pensando que a vida é feita de equilíbrio, e é como se alguém tivesse roubado as duas coisas que eu consigo equilibrar e me colocado numa arapuca: eu gosto da companhia da minha mãe, mas querer ficar sozinha deixa a pobre mulher chateada; eu gosto de poder fofocar com meus amigos, mas não suporto mais chamadas de vídeo. “nem quem ganhar nem quem perder vai ganhar ou vai perder: vai todo mundo perder”, como já diria dilminha.
já faz mais de um ano que eu estou em acompanhamento psicológico, e conseguir viver em meio à minha confusão de pensamentos é bom, mas dá muito trabalho. é claro que eu prefiro chegar ao fim do dia cansada e ligeiramente triste a perceber que passei o dia inteiro encarando a tela do celular ou do computador e não fiz absolutamente nada, mas vou te falar um negócio: ninguém te diz o quanto existir racionalmente (ou mais-ou-menos-racionalmente) é cansativo. às vezes eu só queria poder não pensar, não encarar todos os meus problemas de forma racional, afundar na cama, ignorar todas as minhas responsabilidades e dormir por dezesseis dias seguidos.
claro que isso não vai resolver meus problemas. claro que vai me afundar em apatia. mas eu queria, porque é muito mais fácil do que ser o contraponto ao meu cérebro me mostrando todas as coisas que eu nunca vou conseguir controlar, todos os problemas que eu nunca vou conseguir resolver, porque o mundo não funciona assim, e porque a vida não pode ser injusta se ela nunca foi justa pra começar. eu sinto falta de ser criança e não ter que resolver problemas, eu sinto falta de fingir que minhas crises passavam porque depois de um tempo tudo passa — é melhor saber como as coisas funcionam, mas dá tanto trabalho! e eu só fico tão cansada!
eu queria conseguir comer melhor, fazer tudo na hora ao invés de postergar, não guardar rancor de quem me magoou. eu penso: querer coisas é bom, você tem pelo que existir, você tem coisas pra alcançar. eu penso: como é cansativo falhar!, mas é a vida. as pessoas me perguntam como vai a vida, e eu respondo: ah, daquele jeito... mas vamo que vamo. eu penso: que saco ter que sentir esperança quando tá tudo ruim. eu rebato: ainda bem que a gente tem a esperança.
esperança é aquela sua amiga chata que te acorda às sete da manhã quando você tá mal, te obriga a se arrumar, fica com um sorriso o tempo todo no rosto e faz você sentir ódio por ter tomado as rédeas do seu dia mas, no fim, você percebe que o dia tá lindo e que a companhia dela é agradável. não é culpa dela que você não dormiu cedo, não comeu bem e não tá muito animado. não é culpa dela que você esteja meio rabugento.
(a esperança existe justamente porque a gente fica rabugento, às vezes)
(e, por mais que doa: ainda bem que existe)
Ficar sozinha só é legal quando é por opção. Não ter opção é que é o problema.
ResponderExcluirAh, a esperança! Acho que é o que bota muita gente em movimento. A minha única esperança agora é a de que esse ano ainda melhore kkkk
né :^(
Excluireu tô na base da esperança de um futuro melhor, mesmo. pelo amor de deus. ano passado eu morri, no outro também, esse ano eu tô resistindo mas pelo amor de deussssss, um pedacinho de felicidadeeee, eu precisooooooo
oioi!
ResponderExcluirnão sei se faz sentido mas acho que entendo a questão de ter saudade de querer ficar sozinho: parece que a pandemia foi um tapa na cara que me fez perceber que na verdade eu gosto de ter gentenpor perto, mesmo que em raras ocasiões.
e sobre não estar sozinho de verdade nunca, entendo também! aqui em casa somos 5 então acaba que é sempre tudo barulhento e eu nunca to sozinho, mas ao mesmo tempo nunca tenho aquela companhia que supre necessidade de companhia. (não que família seja uma companhia ruim, mas ter aquelas pessoas com quem tu pode conversar ou simplesmente o ambiente externo... faz falta)
penso muito sobre isso, e também tendo a pensar mais durante os períodos de tpm. enfim né, vamos nos atrelando ao pouquinho de esperança que nos resta.
(esse ano descobri que tenho muito mais resiliência do que pensava)
até maiss <3
p.s.: eu amei o fato do teu blog mudar de cor, minha favorita foi a amarela fjdkfns
a companhia da minha mãe aqui em casa é agradável, mas é aquela coisa: ficar sempre na companhia de uma mesma pessoa, sem respiro, eventualmente se torna uma situação meio complicada :^( isso independente de família, conjes ou amigos, hahaha
Excluira gente sempre percebe que é mais forte do que as porradas que a vida dá na gente!!
abraços!!
ficar sozinha sempre foi uma coisa ótima pra mim, fugia constantemente dos meus amigos, mesmo amando cada pessoinha. percebi que andava evitando a minha família em casa, procurando estar sozinha, mas isso tem mais ver com os problemas que ainda não fui resolver (psicologicamente falando). o isolamento acentuou toda a solidão e eu também comecei a sentir falta das saudades de ficar sozinha. gostar de gente é um fardo, pois sendo assim tão introspectiva, é um pouco complicado lidar com esse equilíbrio. agora entendo que ele era necessário, as medidas não batem mais. tá faltando aquele espacinho aqui dentro de novo.
ResponderExcluiracho que felizmente, meu pai voltou a morar aqui em casa (faz alguns meses depois de uns bons anos) e isso tem aproximado todo mundo. é, a vida pode ser uma caixa-de-sapato-surpresa. (isso me deu esperança, como seu texto também)
obrigada pelo abraço em palavras, mesmo que ele pareça um pouco apertado demais, ás vezes a gente precisa esmagar a outra pra ela saber e sentir que vai ficar tudo bem.
ps.: :^) gostei muito dessa carinha mas sinto que tô te roubando
<3
tudo depende de um equilíbrio, né? poder alcançar a companhia quando precisamos dela e a solidão quando é a bola da vez também. e agora não tá rolando :^( fico feliz que seu pai voltar a morar aí tem te ajudado. pelo que eu li seu, tem sido gostoso ter essa companhia <3
Excluireu gosto de abraço daqueles que você vai sair e a pessoa não abraçou o suficiente ainda, então a gente mergulha e fica mais um pouquinho. é bom lembrar que a gente pode se perder no abraço do outro.
(use a carinha o quanto quiser!!!!!! aqui tem ela com um chapéu: C|:^D hehehe)
beijas <3
eu ainda não sei lidar com esse blog mudando de cor, é muito PERFEITO!
ResponderExcluirmas enfim, não vou nem me estender muito nesse comentário, porque faço minhas as suas palavras. eu pensei que não gostasse de pessoas, mas nessa pandemia eu percebi que não gosto de pessoas exceto meus amigos. sinto falta de estar com eles, sinto falta de tanta coisa. do passado, do futuro. no presente me encontro nessa briga aí com a esperança. tô tentando seguir na linha “realista esperançosa” do suassuna.
HIHIHIIIIIIII, eu acho ótimo também. só sofro quando vou atualizar, porque aí é ficar atualizando até passar por todas as cores KKKKKKK
Excluirnossa, eu sinto tanta FALTA de GENTE. acho que a gente se sente mais cansado quando tem que interagir por muito tempo, ou com pessoas que “sugam” mais a nossa energia (no meu caso, são pessoas expansivas demais. jesus.), e aí acaba achando que é com todo mundo, mas eu estava descobrindo que meu lance era passar tempo com gente que eu gosto além de ter meu tempinho de qualidade sozinha, e aí... pandemia. minha sorte é que minha mãe é uma boa companhia, mas a gente acaba perdendo a paciência quando passa o tempo TODO junto :^( mas vamos tentando nos adaptar enquanto é preciso, né. esperança!!