tô no meio de um festival e, mesmo assim, desesperada por escrever. hoje, no ônibus vindo pra cá, fazendo exercícios de respiração e tentando suprimir a ansiedade, eu pensei: a vida acontece, a tristeza acontece e não tem a consideração de pensar se você vai lidar com isso em casa, ou num ônibus, olhando pela janela. eu vejo uma rua sem saída e penso como queria andar por uma alameda até sumir dentro da minha própria memória, como no fim de aftersun.
quem eu amo e amava já ama outro alguém. nos últimos dias, tenho repetido muito a frase "tô animada e apavorada, mais apavorada do que animada" — estou prestes a me mudar, e só sei pensar que eu não sei nada de nada do que é preciso pra viver a vida, que não tô pronta pra minha própria casa e, ironicamente, nunca estive mais precisada de uma mudança. no meio do show dos paralamas do sucesso, entre uma e outra música, pensei que as músicas sobre amar alguém precisam voltar a ser sobre mim. de novo. é irritante, mas também é a única maneira de fazer sentido nesse mundo em que o que me move é o amor. eu penso que não tô empolgada pra me tatuar, que tenho medo de me mudar, que preciso economizar dinheiro, que não faço a menor ideia do que fazer — no fim tudo se ajeita, mas até se ajeitar eu peno por um bom bocado. eu penso que sei lá como conhecer alguém pra amar sendo que eu só conheci as pessoas pela internet, e que como eu vou achar alguém que me ame de um jeito que eu goste?, e penso, imediatamente depois, que nem eu sei o que isso significa. eu penso que estou sempre buscando desesperadamente por afeto, mas quem não tá, né?
existem expectativas boas sobre tudo, é claro. todos os planos que eu vou fazer, todos os lugares aos quais eu vou, toda a paz que vou poder sentir, no meu próprio canto. tentar não colocar o peso do mundo sobre as minhas costas, visitar museus, parques, me cuidar, ouvir música sozinha e voltar a escrever cartas (com endereço novo!). estar perto de gente querida, e longe, também, mas sempre com um espaço pra receber; voltar a ter um lugar no mundo, a pertencer, construir um sentido pra palavra casa outra vez. como diria aurora: me leva pra casa, onde eu pertenço, que eu não tenho mais pra onde ir.
e finalmente, se tudo der certo, tô me levando exatamente pra lá.
Na parte da tua mudança eu consegui me ver. Foi um período de muita, muita ansiedade e de pensamentos malucos e sem sentido. Claro que as circunstâncias da tua mudança devem ser diferentes, mas acho que o ato em si, da mudança de ambientes, da perspectiva de mudança de rotina, tudo isso é um terreno incerto. É aquele caminho de grama que vamos percorrer até formar a nossa própria trilha pessoal. E nessa trilha terão obstáculos, mas também terão flores (pessoas para amar e te amarem de volta). Vai dar certo! Estou torcendo por ti <3
ResponderExcluirMe identifiquei demais com a parte de fazendo exercícios de respiração pra lidar com a ansiedade. A vida é mudança, a vida é movimento! bjks
ResponderExcluirEstou muito contente que a tua mudança ESTÁ ACONTECENDO!!! Considerando o que você já escreveu aqui no bloguinho, acho que ter um cantinho só teu vai te fazer bem :) Tomara que logo todos esses sentimentos angustiantes passem e você possa aproveitar totalmente a experiência <3
ResponderExcluirArantxa, a Vanessa já deve ter conversado contigo sobre a blogagem coletiva que estamos planejando, a "6 on 6". É uma blogagem mensal de fotos. Eu queria organizar com as pessoas que estamos convocando. Me manda uma DM no insta pra eu pedir o teu email? Meu insta é @aigekkeiju. Beijo!
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